sábado, 27 de abril de 2013

Remada à Ilha do Campeche_Florianópolis

              Na quinta-feira dia 21 de fevereiro de 2013, havíamos desistido da circum-navegação da ilha de Santa Catarina (veja a postagem feita por Tiane Bossle, em http://seminhabicifalasse.blogspot.com.br/2013/04/terceiro-e-ultimo-dia-de-remada-21022013.html) em virtude do vento nordeste muito forte, e da previsão de vento sul com sweel de 3,0 metros para o dia seguinte, quando deveríamos remar de Ingleses até a Lagoa da Conceição.. A sexta foi, mais que justo, um dia de descanso e de consertos (especialmente da nossa judiada Dobló!). Todavia o “índio-guru” (www.windguru.cz) previa para o sábado um swell menor (2,6 m pela manhã, diminuindo pela tarde). Ficou decidido, então, que no sábado faríamos a travessia desde a praia da Armação do Sul até a Ilha do Campeche, e de volta, em nossos caiaques oceânicos (a Tiane me emprestou o seu), sendo que Maria Helena e Tiane iriam e voltariam da ilha de barco a motor.

       
             Nos encontramos no sábado em frente á igreja de Armação do Sul, e após algum tempo gasto com o estacionamento dos carros e a preparação dos barcos, estávamos de partida por volta das 11h00 da manhã. O barco das gurias saiu 10 minutos depois de nós.

Marcio e Trieste em frente à igreja de Armação 

           A travessia de ida foi tensa, ao menos para mim, que remava em um caiaque que não era o meu (duplo) - além do que o barco estava vazio (por preguiça, confesso, não tive saco de encher sacos estanques com areia da praia como lastro) Nunca fiz tanto apoio como neste trecho! O dia estava lindo, porém, o vento local estava razoavelmente bem comportado e o swell estava magnífico e intimidante. Infelizmente, como costuma acontecer quando se filma situações como essa com câmeras amadoras, as imagens que conseguimos da travessia, tanto as fotos quanto os vídeos, não fazem juz à imponência das ondas naquele dia .... Mesmo para quem estava no barco a motor (veja a postagem da Tiane em http://seminhabicifalasse.blogspot.com.br/2013/03/segundo-dia-de-ferias-primeiro-dia-de.html). Tudo correu bem, todavia, e chegamos na ilha em 50 minutos de remada cheia de adrenalina e sem problemas.


Preparando os barcos  

Swell visto de dentro do barco a motor. Quem será o remador? 
(Foto Tiane Bossle)

         Tiane e Maria Helena haviam chegado há cerca de 5 minutos. Logo estávamos bem instalados em uma mesa, na areia e na sombra, de um bar simples que existe no local. A Tati e o Vini chegaram meia hora depois em outro barco a motor. Aaproveitamos para conversar bastante. Claro, acompanhados de algumas cervejas, alguns peixinhos fritos e batatas fritas!


Trieste chegando à ilha 

Aguardando as cervejas e os peixinhos


           
           A praia da ilha do Campeche, a 1.500 metros da costa da ilha de Santa Catarina, é muito bonita, bem preservada e relativamente longa (600 m) para o tamanho da ilha (com apenas 592 m2 de área). Na verdade, entre as ilhas pequenas de nosso litoral, a do Campeche é a que tem a praia mais extensa de todas! A água é calma e suficientemente transparente para valer à pena levar equipamento de snorkel. Existem também inscrições rupestres, somando mais de 150 desenhos catalogados em 21 sítios arqueológicos espalhados pela ilha, além de 9 estações líticas (onde se afiavam ferramentas de pedra polida), e 1 sambaqui (amontoado de conchas onde eram enterrados os mortos e os animais, e são encontradas restos de cerâmica, ferramentas e armas). Tombada em 2000 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), de fato a ilha dispõe da maior concentração de arte rupestre e oficinas líticas de todo o litoral brasileiro em um mesmo sítio. Existem trilhas, guiadas e pagas, que levam aos sítios arqueológicos.

          Para nós, todavia não houve tempo para elas. Leonardo e Marcio, por exemplo, aproveitaram para realizar um pequeno treino na praia da ilha, e depois partiram para uma circum-navegação da mesma. Após duas horas na ilha, preparamos os barcos e partimos em direção à praia da Armação. O barco das gurias saiu logo em seguida, por volta das 15h30.

         Como previsto, o swell já havia diminuído um meio metro, de modo que a travessia foi mais relaxada que a da vinda. A maior tensão se deu quando o Leonardo resolveu passar bem próximo à ponta sul da ilha do Campeche, onde existe uma laje submersa que “acavala” as cristas de onda que ali incidem. Com isso, suas faces dianteiras tornam-se muito íngremes e as ondas quebram parcialmente no local. Isso pode ser visto na segunda parte de um vídeo postado no YouTube.

http://youtu.be/FfDGhzbebzE

e na foto abaixo.

Esch enfrenta onda na ponta sul da ilha (Foto Leonardo Esch)


Partindo de volta para Armação 


          O trajeto de ida e volta (veja imagem abaixo), sem contar a circum-navegação da ilha do Campeche, totalizou 15 quilômetros. A circum-navegação da ilha corresponde a mais 5 quilômetros.

          Já na praia de Armação do Sul, satisfeitos e felizes, era hora de tirar a foto “oficial” da empreitada!


A hora do Urruuuuh (Foto Tiane Bossle)








sábado, 6 de abril de 2013

Remada Contemplativa & Acampamento no Pontal de Tapes

      Há muitos anos que desejávamos conhecer o Pontal de Tapes, uma comprida e relativamente estreita península que se estende à frente da cidade homônima do Rio Grande do Sul, criando um saco parcialmente separado da Lagoa dos Patos. Finalmente chegou a hora de conhecer a região, agora que Maria Helena e eu dispomos de um bom caiaque oceânico duplo, um barco muito estável e que permite levar bagagem, comida e água suficientes para um acampamento de alguns dias. Com o feriadão da Páscoa, tínhamos vários dias para a empreitada, detalhe importante uma vez que nosso desejo era ficar acampados por 2 noites seguidas no mesmo lugar, dispondo assim de um dia inteiro para caminhadas e leituras, sem ter de desmontar acampamento para seguir viagem. A quinta-feira amanheceu ensolarada e um pouco fria. Levantamos cedo e partimos de casa às 8h45.  

Pontal Tapes Hotel

      A cidade de Tapes dispõe do ótimo hotel, o Pontal Tapes Hotel. Trata-se de um hotel de inverno (possui piscina térmica, por exemplo) muito bonito, e construído em uma área bela e ampla, com acesso à lagoa dos patos. Claro, tudo tem seu preço, e um hotel dessa categoria não poderia ter diárias baratas. Porém como acamparíamos – de graça - por duas noites, mesmo gastando uma diária elevada, resultaria em gastos razoáveis para um feriadão. Por isso partimos de Porto Alegre ainda na quinta-feira para desfrutar do hotel no restante do dia, e também de um café da manhã de maior qualidade daqueles que nos são oferecidos em hospedagens mais baratas. E não nos decepcionamos! Pelo contrário, fomos surpreendidos com um inesperado desconto que tivemos por desocupar cedo o apartamento porque desocuparíamos bem cedo no dia seguinte. Conhecemos um dos donos, o Felipe, super simpático, que também é velejador. Ele até nos permitiu deixar o carro estacionado no terreno do hotel, facilitando assim nossa vida no dia seguinte. Terminamos o dia nos deliciando com um ótimo (e relativamente barato) linguado grelhado no jantar. Fomos dormir realmente felizes .....
             
        Primeiro Dia

    Na sexta acordamos bem cedo e tomamos um café da manhã excepcionalmente bom e variado, daqueles de deixar a alma alegre. Que beleza! E, como prometido pela meteorologia, o dia estava lindo. Às 8h20 já estávamos de partida da praia que há no fundo do terreno do hotel.

Preparando o barco para a partida, com a companhia dos cachorros


      O vento sudeste muito fraco permitiu que a travessia de 7 km, da praia do hotel diretamente até a área de dunas (ou cômoros, como preferem os gaúchos, veja o mapa abaixo), do outro lado do saco de Tapes, fosse feita com muuuuuuiiiita tranquilidade. E também com rapidez: gastamos apenas uma hora e cinco minutos, desenvolvendo, portanto, uma velocidade média de quase 7 km/h, excelente para este tipo de barco. Estávamos muito descansados e alimentados, por isso tão bom desempenho.ão bom desempenho.

    Mapa do trajeto total (36 km)


      O local de chegada da travessia nos surpreendeu não apenas pela beleza, mas também pela amplidão da área de dunas, que ficam por trás de uma praia de areias brancas como açúcar.

   Vida dura: subindo o campo de dunas

      Por trás das dunas, bastante altas, ficam pinheiros plantados pelo homem há décadas. Do topo dessas dunas tem-se uma vista de 360º dos arredores.

 Maria Helena no topo das dunas

                                                            O grande herói do dia!
       
      Depois de uma parada de cerca de 1 hora no campo de dunas, prosseguimos por mais 6 km até chegar ao final do pinheiral, início de um istmo estreito (apenas cerca de 200 m de largura) e desprovido de árvores. No local há uma prainha onde paramos para descansar por meia hora. Um local muito bonito, com pinheiros altos, bem protegido do vento, e um tapete marrom, formado pelas folhas de pinus em forma de agulha, cobrindo a areia alva, além de acesso rápido à água. Ou seja, um local ideal para acampar. Todavia ....

    Todavia nossa intenção  inicial era a de acampar em outro local denominado Biru, após a ponta que existe depois do istmo, bem mais além, portanto, de onde estávamos. Porém não tínhamos certeza se o Biru seria um bom local de acampamento, especialmente quanto ao quesito árvores altas, pois pretendíamos desfrutar de nossas redes para ler e descansar durante o dia e meio de acampamento. Se chegássemos ao Biru, teríamos completado 25 km, e se ali não fosse bom para acampar, não poderíamos voltar para o local de nossa parada sob pena de ter remado mais de 35 km no dia, o que não pretendíamos de jeito nenhum! Como diz o título da postagem, a remada teria de ser contemplativa. Assim, resolvemos prosseguir com desconfiança, observando cuidadosamente a costa e esperando encontrar algum veleiro onde pudéssemos obter informações mais precisas sobre o Biru.

      Não havia veleiro algum presente, porém, e após 4 km remados, já quase no final do istmo, concluímos que não valia à pena prosseguir até o Biru. Decidimos então voltar para o local da última parada e acampar ali. Chegamos lá por volta das 15 h, suficientemente cedo para montarmos acampamento com muuuuuita calma, e ainda curtir um por-do-sol que prometia, pois o dia havia sido lindo até então. Total remado no 1º dia: 22 km

Maria Helena feliz com a chegada!

Acampamento montado!

Ô redinha boa!

E foi mesmo um lindo por-do-sol!

Curtindo o por-do-sol
            
      De janta, uma macarronada ao molho de tomates com alcaparras, acompanhada de queijo ralado. E de sobremesa, bombons. Cansados, fomos cedo prá cama e por volta das 22 h já estávamos dormindo.

      Segundo Dia


     Levantamos às 7 h e tomamos nosso café da manhã na prainha. O dia, mais uma vez, estava ensolarado e muito agradável. Por volta das 10 h saímos para uma caminhada pela praia de fora, ou seja, a costa do pontal voltada para a lagoa dos Patos. Aproveitamos para fotografar o campo de dunas que dá acesso à praia. A temperatura amena do dia proporcionou uma caminhada muito agradável, com duração de aproximadamente 2 horas.

Café da manhã na praia

Maria Helena iniciando a caminhada matinal

Maria Helena caminhando pela praia de fora

       De volta ao acampamento, aproveitamos para ler nas redes. E claro, acabamos caindo no sono! Por volta das 14 h, acordamos e resolvemos aproveitar o sol para tomar um bom banho, com água retirada da lagoa e aquecida no fogão a gás. Depois fizemos o almoço (um risoto a parmigiana liofilizado) Após a sobremesa, mais uma seção de leitura. Eu lendo a biografia do intrigante explorador espanhol Álvar Núñes Cabeza de Vaca, escrita pelo jornalista paulista Paulo Markun; e Maria Helena lendo o romance Corpos Estranhos, da norte-americana Cynthia Ozick.

     Pouco depois das 17 h, saímos de novo a caminhar, desta vez para o lado sul da praia de fora. Lá encontramos 2 veleiros atracados, e um praticante de kitesurf que se divertia a valer no vento constante da lagoa. Mais curta que a caminhada da manhã, dela estávamos de volta ao acampamento a tempo de assistir mais uma vez um portentoso entardecer, desta vez acompanhados por um vinho branco.

Maria Helena - caminhada vespertina



      Para terminar o dia, acendemos uma fogueira na praia, tomando muito cuidado para não produzir nenhum incêndio na vegetação circundante. Por volta das 22 h, nos retiramos para a barraca e dormimos em seguida.

Felizes acampados!

      Terceiro Dia


      Uma vez que queríamos chegar cedo a Porto Alegre a fim de evitar o trânsito intenso da volta do feriadão, levantamos às 6 h, tomamos um café e começamos imediatamente a arrumar as tralhas para retornar a Tapes. Às 8h20 estávamos de partida! Apesar do fraco vento noroeste, que soprava quase de frente para nós, remamos até a praia dos cômoros fazendo uma ótima média, quase 7 km/h, pois estávamos muito descansados e motivados. Lá descansamos e curtimos o lugar por cerca de 1 hora, pois seria nossa única parada pelo caminho. Dali atravessamos direto para Tapes, também a uma velocidade média de quase 7 km/h, chegando às 11h40 na praia atrás do Pontal tapes Hotel de onde havíamos partido na sexta. Total remado no 3º dia: 14 km.

      Confira o vídeo do YouTube sobre o passeio:Remada no Pontal

      Arrumadas todas as tralhas, pegamos o carro no estacionamento do hotel e então tivemos a grata surpresa em saber que o hotel servia almoço (a la carte). Maravilha, pois além de muito saborosa a comida, já chegaríamos bem alimentados em Porto Alegre. E em casa chegamos às 15h30, tendo evitado inteiramente qualquer engarrafamento ou trânsito lento na entrada de Porto Alegre.