domingo, 1 de setembro de 2013

Construindo um Caiaque de Madeira - Parte 3

        A próxima etapa de construção consistiu em cobrir a madeira do barco com tecido de fibra de vidro colado com epóxi, o que confere ao compensado naval muita dureza e bastante resistência à abrasão. Duas camadas de tecido foram aplicadas ao exterior do barco, e uma ao interior. Desta vez, o serviço foi feito no gramado de nossa residência em Ipanema, despertando grande curiosidade dos transeuntes.

Iniciando os trabalhos em um belo dia de sol

Metade do trabalho feito ...

Admirando a obra ao final do dia

      Terminada a etapa de aplicação de tecido de fibra e cola, tratamos de lixar cada o barco externamente por inteiro a fim de eliminar imperfeições e desbastar excessos de cola e de tecido. A lixação produz um pó fino de epóxi seca e fibra de vidro que, além de perigosa para os pulmões, causa uma coceira persistente e incômoda. Usamos, então, máscaras para realizar a tarefa, mas os olhos permaneceram desprotegidos. Ao final de tudo, veio o preço a pagar: as mucosas de meus olhos ficaram muito irritadas e inchadas. Tive de parar de lidar com a epóxi durante alguns dias, e o inchaço lentamente começou a diminuir.

Taraquá todo lixado após a aplicação de tecido de fibra de vidro

Esch serrando espaçadores para construir o anel do cockpit

      Lixação encerrada, serramos o deck em dois locais para produzir as aberturas (hatches) dianteira e traseira dos compartimentos de carga, que são isolados do cockpit por paredes internas (bulkheads) de compensado. Dos pedaços retirados, foram confeccionadas as tampas dos correspondentes hatches. Outros pequenos trabalhos foram feitos em sequência, tais como: furar o deck para a instalação futura de linhas-de-vida; serrar e colar apoios laterias de quadril no cockpit, onde o encosto lombar (backrest) será fixado ao final da construção; serrar uma base para o assento de borracha; aplicação de logotipos etc. No caso do Taraquá, uma tarefa adicional consistiu na instalação do sistema de controle do leme (através de pedal), além do leme propriamente dito. Felizmente o Esch possuía um sistema completo de leme que ele havia retirado de um de seus caiaques argentinos, o qual me foi gentilmente presenteado, economizado-me assim um bocado de trabalho.

Colando as molduras dos hatches

Colando os espaçadores do anel do cockpit entre si  (mas não 
ao deck, do qual estão isolados por plástico, que não cola com epóxi)

Anel do cockpit pronto

Em primeiro plano, o Cupim, cujo deck  acaba de ser colado ao convés

       A próxima grande etapa consistiu em colar o deck ao casco, o que foi feito com fita de fibra de vidro colada com epóxi na parte externa da junção entre as duas partes. O mesmo foi feito por dentro do barco, mas de forma mais limitada, por ser impossível acessar as extremidades do caiaque já fechado. Precisei de 3 dias de trabalho com cola para realizar a tarefa, desta feita usando óculos de proteção para evitar irritar as mucosas dos olhos. Deu certo, mas na etapa seguinte, que consistiu em lixar novamente o barco inteiro por fora (quase 3 horas de lixação), meus olhos ficaram de novo muito irritados e inchados pelo pó produzido. Infelizmente, uma vez iniciado o processo inflamatório, este me acompanharia pelo restante da construção. 

O construtor e sua obra (incompleta)



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